
Fotos: Divugação/Epagri)
Antecipar a semeadura do trigo é o caminho para
aumentar a produção desse cereal no Oeste Catarinense. A recomendação vem da
Epagri: uma pesquisa realizada em Chapecó (SC) apontou que, quando o agricultor
implanta a lavoura entre 11 de maio e 17 de junho, consegue colher mais cedo,
evitando sobreposição com o plantio da soja, que vem na sequência.
“Essa mudança melhora a eficiência da produção agrícola e permite cultivar cereais de inverno, incentivando os agricultores a usarem suas terras nesse período, ao invés de deixá-las em pousio”, diz Sydney Kavalco, pesquisador da Epagri. A antecipação da semeadura também pode aumentar a produtividade do trigo, pois aproveita condições climáticas mais favoráveis, reduzindo o risco de geadas e garantindo que as plantas se desenvolvam melhor.
De acordo com a pesquisa, realizada em parceria com a CooperAlfa, a escolha de cultivares adequados para cada período permite alcançar uma produção superior a 4t/ha. “Ao seguir a recomendação de semeadura entre 11/05 e 17/06 com cultivares de ciclo precoce ou médio, todos os ensaios alcançaram maturação fisiológica e colheita até o final de outubro”, informa o pesquisador da Epagri.
Nos ensaios, realizados ao longo de seis anos (2018
a 2023), cultivares como TBIO Ponteiro, TBIO Motriz e BRS 374 foram altamente
produtivos quando plantados nas datas recomendadas. “Esses cultivares são
adaptados às condições climáticas da região, oferecendo resistência a variações
de temperatura e umidade”, explica Sydney.
Trigo em SC
Apesar de alcançar boa produtividade e ter grande
potencial para expandir o cultivo de trigo, Santa Catarina contribui com apenas
4% da produção brasileira desse cereal, segundo dados da Epagri/Cepa. Essa
pequena participação é atribuída, principalmente, à sobreposição do período de
cultivo do trigo com as épocas de semeadura da soja.
Nos últimos anos, a área de produção de trigo em
Santa Catarina mais que dobrou. Na safra 2020/21, o Estado tinha 58 mil
hectares plantados. Em 2024/25, foram cultivados 123 mil hectares. As
recomendações para os agricultores sobre a época de semeadura e os cultivares
mais adequados têm contribuído para essa expansão.
Os agricultores já podem procurar as cooperativas ou casas agropecuárias credenciadas e formalizar o projeto de parceria. No contrato, o agricultor se compromete a cultivar os cereais, seguir a orientação técnica, utilizar as tecnologias indicadas e fazer a entrega da produção para fabricação de ração animal. A subvenção é feita de acordo com a área cultivada, limitada a 10 hectares por agricultor. Neste ano, o Governo do Estado deverá investir cerca de R$ 4,1 milhões no projeto, com previsão de alcançar até 10 mil hectares cultivados com cereais de inverno, representando aumento de 6,1% no valor por hectare apoiado.