
Foto: Rodrigo Nunes/MS
A Epagri disponibilizou na sua plataforma Agroconnect um sistema voltado para monitoramento de ciclos de vida e gerações do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças denominadas arboviroses. O produto, desenvolvido por técnicos da Epagri/Ciram, informa, com base na temperatura do ar, o número de dias que o inseto leva para se desenvolver do ovo até a fase adulta, quando passa a representar risco efetivo de transmissão de doenças a humanos. O sistema informa ainda quantas gerações do mosquito serão possíveis de acordo com a temperatura vigente na época do ano.
Hamilton Justino Vieira, um dos pesquisadores da Epagri/Ciram que desenvolveram o estudo, explica que o produto foi desenvolvido para apoiar as autoridades nas decisões que vão subsidiar medidas preventivas ligadas ao combate das arboviroses. Numa próxima etapa, o sistema vai disponibilizar a previsão de ciclos de vida e gerações do mosquito, baseada nas temperaturas, para cinco, dez e 15 dias.
O sistema de monitoramento do mosquito da dengue
faz parte do projeto Miríades, que se propõe a disponibilizar no Agroconnect
monitoramento e previsão de insetos-pragas que atacam as principais culturas
agrícolas de Santa Catarina. O projeto, coordenado pela pesquisadora da
Epagri/Ciram Iria Araújo e desenvolvido com recursos próprios, reúne uma equipe
multidisciplinar, incluindo os entomologistas que atuam em diferentes unidades
da Epagri espalhadas pelo Estado.
Temperatura do ar interfere no
desenvolvimento do inseto
O novo produto disponível no Agroconnect foi
desenvolvido com base em estudo descrito em artigo publicado
na Agropecuária Catarinense,
revista científica da Epagri. O estudo levantou as condições de temperatura do
ar que interferem na proliferação do inseto, desde a postura dos ovos até a
fase adulta.
Hamilton explica que os insetos são animais de
sangue frio, o que significa que não conseguem gerar calor interno para
regular a temperatura corporal. Como têm pouca massa corporal, qualquer
variação na temperatura ambiente interfere em seu ciclo de vida, o que explica
a grande influência dessa variável ambiental.
A pesquisa desenvolveu equação matemática que
relaciona o desenvolvimento do A. aegypti com as temperaturas
médias horárias. Os cálculos possibilitaram estimar a duração, em dias, do
ciclo ovo à fase adulta, sua distribuição mensal, número anual e a média
histórica mensal de gerações.
O estudo contabiliza que em Florianópolis o
mosquito da dengue pode se desenvolver em ciclos de 10 a 15 dias no verão e de
cerca de 30 dias no inverno. Também ficou estimado que o número de gerações
do A. aegypti na capital catarinense pode variar de 18 a 21 no
período de um ano.
De modo geral, as condições de temperatura em
Santa Catarina permitem ao A. aegypti desenvolver, em média, 19 gerações
anuais, com uma a 2,5 gerações ao mês. A duração estimada do ciclo de vida
varia de 10 a 30 dias, dependendo dos meses do ano.
Os pesquisadores alertam que os resultados obtidos foram provenientes da estimativa da duração e número de ciclos do mosquito, baseados nos dados da rede de estações meteorológicas da Epagri, e não do número de indivíduos.