Fotos: Divulgação / CBMSC
O último domingo de abril é
dedicado à homenagem das corporações que contam com um apoio especial nas
operações de busca e resgate: os cães. A data, celebrada mundialmente,
reconhece a dedicação desses animais ao salvamento de pessoas em situações
extremas, além de destacar suas inúmeras habilidades.
No CBMSC, os cães são verdadeiros parceiros operacionais, treinados para atuar
em missões desafiadoras como buscas terrestres, intervenções em áreas
deslizadas, e resgates em estruturas colapsadas. A excelência alcançada pelo
CBMSC no emprego dos cães de busca e resgate tornou a corporação referência
nacional e internacional na área.
Treinamento e certificação
Para que um cão esteja apto
a atuar em ocorrências reais, é necessário passar por um rigoroso processo de
educação, treinamento e certificação. O cão deve ter pelo menos 18 meses para
participar das provas, período considerado ideal para garantir saúde, vigor
físico e eficiência operacional.
O major Alan Delei Cielusinsky, presidente da Coordenadoria de Cães do CBMSC,
explica que o processo de certificação é uma simulação fiel das condições
encontradas em missões reais, seja em ambientes urbanos, rurais ou de
estruturas colapsadas. “O cão e seu condutor, chamados “binômios”, são
avaliados em conjunto. Os cães precisam demonstrar obediência, destreza e
capacidade técnica para buscar e localizar vítimas em situações complexas e com
alto grau de risco”, ressalta.
As certificações são divididas em modalidades específicas, como busca rural e
urbana por pessoas vivas e vítimas em óbito. A certificação, válida por três
anos, é requisito obrigatório para o emprego dos cães em ocorrências
operacionais.
Treinamento diário e vínculo com o condutor
O treinamento dos cães do CBMSC é contínuo e realizado com técnicas baseadas em
reforço positivo. O cão vive com o condutor, faz parte da sua família, treina,
trabalha e descansa ao seu lado. O convívio diário fortalece a parceria e
eficiência nas missões.
No CBMSC, o labrador é uma das raças mais utilizadas devido ao olfato altamente
desenvolvido, à facilidade de aprendizado e ao temperamento equilibrado,
características essenciais para o trabalho de busca e resgate.
Histórico de pioneirismo e evolução
O trabalho com cães de
busca e resgate no CBMSC teve início aproximadamente em 2002, com o
tenente-coronel Walter Parizotto e sua equipe em Xanxerê. Na época, a
iniciativa surgiu da necessidade de encontrar alternativas mais eficazes para
localizar pessoas desaparecidas em áreas de mata, uma ocorrência comum no
interior catarinense.
Sem referências nacionais, o CBMSC buscou conhecimento em outros países e
desenvolveu, de forma pioneira, suas próprias técnicas, superando muitos
desafios. “Foi um processo empírico, construído com muito esforço, estudo e
superação de resistências”, relata o major Alan.
O marco da consolidação do
serviço ocorreu em 2008, durante o desastre das enchentes no Vale do Itajaí. A
atuação dos cães foi determinante na localização de vítimas e evidenciou a
importância estratégica desse tipo de recurso, impulsionando o reconhecimento
do CBMSC como referência em todo o país.
Hoje, o CBMSC conta com 10 binômios ativos no estado. A atividade é
regulamentada pela Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil
(Ligabom), através do Comitê Nacional de Busca e Salvamento com Cães
(Conabresc), reforçando a seriedade e a qualidade do serviço prestado.
Atuação em grandes desastres
Ao longo dos anos, os cães
do CBMSC estiveram presentes em diversas operações de grande repercussão no
Brasil. Entre elas, destacam-se:
- Desastre do rompimento da barragem em
Brumadinho (MG), em 2019;
- Rompimento da barragem de rejeitos em Mariana
(MG), em 2015;
- Enchentes e deslizamentos em Petrópolis (RJe
Recife (PE), em 2021;
- Enchentes no Vale do Itajaí (SCe no Rio Grande
do Sul, em 2023 e 2024.
Em todas as operações, o
desempenho dos cães foi fundamental para a localização e o resgate de vítimas,
mesmo em cenários de difícil acesso e alta complexidade. “As grandes tragédias
refletem não apenas a importância técnica do trabalho dos cães, mas também o
impacto emocional que essas missões geram em todos os envolvidos”, comenta o
major Alan.
Terapia
assistida e projetos sociais
Além da busca e resgate, os cães ativos e após a aposentadoria das
atividades operacionais (que geralmente ocorre aos 10 anos de idade), os cães
do CBMSC continuam contribuindo para a sociedade em ações de Terapia Assistida
por Animais.
Acompanhados de seus tutores, eles visitam hospitais, clínicas, casas de longa
permanência e participam de projetos sociais como o Bombeiro Mirim e o Programa
Golfinho. “Essas atividades são extremamente gratificantes. Promovem bem-estar
tanto para as pessoas atendidas quanto para os cães, que interagem com
diferentes tipos de pessoas. É uma ação muito positiva para todos”, afirma o
major Alan.