Fotos: Leo Munhoz/Secom
O Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), de
Florianópolis, foi escolhido para realizar cirurgias raras de correção da
extrofia de bexiga neste sábado, 15. Os dois pacientes possuem uma malformação
na parede abdominal, bexiga e genitália externa. A técnica, aplicada de forma
inédita na instituição, foi realizada em parceria com cirurgiões urologistas
pediátricos do Grupo Kelly Filantropia, Solidariedade e Compaixão, que viajam
pelo país para compartilhar o tratamento inovador, com ótimos resultados. Com
os pacientes do HIJG os médicos voluntários já ajudaram 130 crianças com essa
anomalia congênita.
O pequeno Levi, de 10 meses, de São José, entrou no centro cirúrgico às 6h30 para iniciar os procedimentos da sua primeira cirurgia urológica. Diagnosticado já no pré-natal com onfalocele, ele nasceu com uma malformação congênita que ocorre quando os órgãos abdominais do bebê se desenvolvem fora da barriga. “Eu descobri o problema do Levi na gestação com uns cinco, seis meses durante o ultrassom. E, desde então, foi preocupação, nervosismo, ansiedade pra ver como as cirurgias iam ser feitas, tudo muito angustiante. Após nascer fez uma cirurgia para fechar a onfalocele, e hoje ele está fazendo a cirurgia da extrofia da bexiga. Eu estou muito ansiosa pra ver ele o quanto antes, pegar no colo, abraçar, ficar pertinho, tenho fé em Deus que deu tudo certo”, relata a mamãe Tauany Dias Amaral.
Na sala ao lado, algumas horas depois, o jovem
pianista Samuel foi encaminhado para sua última cirurgia ao longo dos seus 14
anos. O adolescente, de Itapoá, não vê a hora de ter mais independência e
liberdade para ir à escola e se divertir com amigos e familiares. “Com menos de
um dia de vida ele veio pro Hospital Infantil. Fez a primeira cirurgia de
reconstrução. E depois ele fez outras. Hoje ele vai enfim sair das fraldas. Nós
estamos felizes. É o sonho dele”, comemorou a mãe Janaina Schefer de Jesus, que
compartilhou algo especial que o hospital proporcionou nesses anos. “Samuel
aprendeu a tocar teclado em casa. Um dia viu o piano lá embaixo e ficou doido.
Ele tocou e cantou, foi lindo. Nesses últimos 25 dias, o piano ajudou muito a
passar o tempo, foi muito bom”.
As cirurgias levaram cerca de dez horas e foram
transmitidas em tempo real para profissionais no auditório do Centro de Estudos
Miguel Salles Cavalcanti, no HIJG. Os procedimentos foram um sucesso e os
pacientes passam bem.
“A realização das cirurgias no Hospital Infantil
com a parceria do Grupo Kelly traz a tecnologia e a abordagem mais moderna que
a gente tem para essa malformação rara. A técnica vai beneficiar o futuro
dessas crianças, principalmente com relação à própria genitália externa e à
continência urinária. Isso vai melhorar a qualidade de vida e vai fazer com que
essas crianças tenham maior independência”, explica Dra Eliete Colombeli, cirurgiã
urologista pediátrica do HIJG, que atuou nos procedimentos.
Santa Catarina e o Hospital Infantil Joana de Gusmão são referência no país no tratamento de doenças raras e complexas. “Essas cirurgias trazem muitos benefícios. Para os pacientes que ganham em qualidade de vida, e também para o hospital infantil, por ser uma instituição de ensino trazendo conhecimento para os novos profissionais daqui. Lembrando também que o hospital, é referência para o tratamento de doenças raras e para diversos procedimentos cirúrgicos. Então, todo mundo ganha com essas ações”, acrescenta a diretora do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Maristela Cardozo Biazon.
Condição rara
A extrofia de bexiga é uma malformação congênita rara, cuja incidência gira em torno de 1 para 30.000 a 50.000 nascidos vivos, sendo mais comum em meninos. Nesta condição, não ocorre o fechamento da bexiga, uretra e parede abdominal inferior, de maneira que, ao nascimento, essas estruturas estão expostas.