Meteorologistas da
Epagri/Ciram e da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC)
emitiram nota conjunta com as atualizações mais recentes da probabilidade de
ocorrência de La Niña. O fenômeno se caracteriza pelo resfriamento da água na
região equatorial do Oceano Pacífico e causa impactos na atmosfera, o que pode
provocar “chuvas irregulares e tendência de acumulados próximos e até abaixo da
média, em especial no Grande Oeste catarinense”, detalha a nota.
Na avaliação das
duas entidades, tudo indica que o La Niña será de fraca intensidade e curta
duração. “Embora os impactos tradicionais do La Niña sejam menos prováveis,
ainda são esperadas influências nas condições climáticas no decorrer do verão e
início do outono”, alertam os meteorologistas.
Impactos na agricultura
A condição de
estiagem leve, que se observa no Oeste de Santa Catarina desde o final de
dezembro, pode prejudicar o desenvolvimento adequado da soja de segunda safra
na região. É o que afirma Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia da
Epagri/Cepa. Ele relata que as lavouras já estabelecidas para a segunda safra
do grão enfrentam déficit hídrico.
(Foto: Aires Mariga / Epagri)
Haroldo recomenda que os agricultores permaneçam atentos à
previsão do tempo, especialmente no que se refere à probabilidade de chuva para os próximos 15
dias. Assim, eles podem buscar o melhor cenário para dar continuidade à
semeadura da soja, que fica extremamente condicionada à umidade no solo. “Ainda
estamos dentro da janela ideal de semeadura, que, em decorrência da falta de
chuva, pode sofrer atraso e reduzir o potencial produtivo da cultura”, afirma o
analista da Epagri/Cepa.
Já a cultura do
milho, que segundo Haroldo que está praticamente definida, sofreu pouco impacto
com a leve estiagem. “As primeiras colheitas indicam produtividade satisfatória
e uma produção dentro da normalidade”, afirma.
Sobre o La Niña
A nota conjunta da
Epagri/Ciram e SDC destaca que o resfriamento na região equatorial do Oceano
Pacífico vem sendo observado desde julho. Entretanto, nas últimas semanas de
dezembro este resfriamento foi intensificado e ocorreu uma queda abrupta das temperaturas.
De acordo com o monitoramento da Administração Oceânica e
Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA), as anomalias de temperatura registraram
valores 0,7°C abaixo da média. Para que o La Niña se concretize, é necessário
que este resfriamento se mantenha abaixo do limiar de -0,5°C, o que já foi
atingido. No entanto, é preciso que estas temperaturas mais baixas se mantenham
nos próximos meses.
Os modelos
climáticos sugerem que esta condição persista entre fevereiro e abril, com o
retorno da normalidade logo em seguida. Contudo, não há consenso entre os
modelos sobre a permanência das temperaturas baixas por esse período, e a
condição pode não atingir o limiar necessário.Precipitações irregulares
em 2024Conforme os dados do
Índice Integrado de Secas, disponibilizado pelo Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), que leva em consideração a precipitação,
a vegetação e a umidade do solo, as regiões do Oeste e Planalto Sul apresentam
situação de seca fraca a moderada em
dezembro. Este cenário é reflexo dos acumulados de precipitação irregulares no
segundo semestre de 2024, quando foram observados alguns meses de precipitação
abaixo da média climatológica.